quarta-feira, 24 de março de 2010
"À Luz da Sombra" por Lourdes Castro
As sombras sempre me fascinaram, pelas suas projecções, pelo seu sentido metafórico, que muito depende da nossa imaginação. Fico sempre com a sensação que dizem mais do que o representado. Quererão dizer-nos algo?
Mas, quanto a este assunto, quem melhor que Lourdes Castro (artista madeirense, nascida em 1930), para nos mostrar as sombras e as suas possibilidades de materialização.
Para melhor conhecer o seu trabalho, porque não dar um salto ao Museu Serralves?! Eu fui e apreciei bastante!
Esta senhora é um doce, denota-se em todo o seu trabalho uma elevadíssima sensibilidade. Iniciei a exposição com uma gravação datada a 1971, tendo como música de fundo: "Suite n.º 3 para violoncelo de Bach.
Ouve-se, observa-se e fica-se com um sorriso nos lábios.
Fica aqui um pequeno excerto do que ouvi:
“O que me atrai: a sombra não ocupar espaço e guardar a sua presença mesmo desligada do corpo que a projectou.”.
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8 comentários:
Invariavelmente, as sombras "projectam" na minha mente a Alegoria da Caverna, e que a maior parte de nós vive através da sombra sem atingir o real. Ou como diria Heidegger, "as coisas visíveis por elas próprias são a 'imagem' das 'ideias'". Mas a "nossa" Lourdes Castro não faz ensaios sobre o seu trabalho. São sombras, pronto! Contudo, a sua candura artística não deve ser confundida com ausência de cognição. Antes a simplicidade da genialidade.
Podemos sempre intelectualizar um pouco… ;-) a alegoria de Platão é de facto uma belíssima analogia. Mas será intenção de Lourdes Castro intelectualizar assim tanto?! Não me parece. Recordo-me daquela(e) entrevista/diálogo em que”x” repleto de palavras bonitas e sonantes, tenta através de várias palavras complexas explicar o trabalho da Lourdes Castro à própria Lourdes Castro, …(silêncio)… ela olha-o, quase ignorando o que lhe diz e responde: “ é a sombra de uma folha de uma mangueira!” (ahahah). Tantas explicações intrincadas para afinal ser uma simples folha de uma mangueira. É frustrante, ou não! Neste processo de conhecimento, quem será o ignorante, o prisioneiro que tem uma noção real da sombra ou o prisioneiro que decide quebrar os grilhões através de explicações complexas sobre a mesma sombra?! Através da simplicidade da Lourdes Castro haverá liberdade? Questionar-se-á? Isso a tornará ignorante?
Não será antes A luz da Sombra? em vez de À luz da sombra? Há diferenças significativas na terminologia de um simples acento no A!
"À Luz da Sombra" é o título da exposição de Lourdes Castro e Manuel Zimbro. ;-)
Para um melhor esclarecimento, poderá visitar o site da Fundação Serralves:
http://www.serralves.pt/gca/index.php?id=4706
Obrigada Maria. A minha dúvida veio precisamente de uma pesquisa e encontrei o seguinte http://www.artecapital.net/recomendacoes.php?ref=272. Nada melhor do que esclarecer-me com quem sabe! Uma vez mais obrigada.
http://ipsilon.publico.pt/artes/texto.aspx?id=250772
http://iporto.amp.pt/eventos/lourdes-castro-e-manuel-zimbro-a-luz-da-sombra?theme=/tematicas/exposicoes
Esta a perceber de onde veio a minha dúvida?
Sim, percebi e é legítima a sua dúvida.
Como estive no Museu posso garantir-lhe que o A leva acento. E tem o significado que os autores que quiseram dar. Ou seja, é à luz da sombra, mesmo. :)
Obrigada uma vez mais! Fiquei esclarecida :-)
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