quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Efemeridades

Tudo é efémero e ainda bem! A palavra “sempre”, sempre me assustou. A necessidade de ter tempo para pensar no próprio tempo inquieta-me. A felicidade, essa, assusta-me. E se fosse eterna?! Nem ouso pensar… são bons e necessários os momentos de tristeza! Deixo sempre nas minhas obras algo que denúncia continuidade. Mas afinal assustar-me-á o ponto final?! Tudo me assusta. Fico escondida em mim, às voltas no meu âmago… no entanto, espreito a vida lá fora, observo escondida, mas atenta... tudo é efémero e ainda bem! Reticências. Só se compreende o compreensível. O infitito universo é-nos incompreensível.

sábado, 12 de dezembro de 2009


Tenho ódio à luz e raiva à claridade
Do sol, alegre, quente, na subida.
Parece que a minh’alma é perseguida
Por um carrasco cheio de maldade!

Ó minha vã, inútil mocidade,
Trazes-me embriagada, entontecida!...
Duns beijos que me deste noutra vida,
Trago em meus lábios roxos, a saudade!...

Eu não gosto do sol, eu tenho medo
Que me leiam nos olhos o segredo
De não amar ninguém, de ser assim!

Gosto da Noite imensa, triste, preta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!...
Al Berto

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as cousas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Por que sequer atribuo eu
Beleza às cousas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer cousa que não existe
Que eu dou às cousas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então por que digo eu das cousas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as cousas,
Perante as cousas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!
Alberto Caeiro

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009



Nada é por acaso! As pessoas que conhecemos, nos momentos em que as conhecemos, e nas circunstâncias que as conhecemos.
Almoçávamos hoje no Psi e conversávamos sobre temas da actualidade, viagens e nas conferências que dera. Que bem me soube receber o sol no rosto, aquela tranquilidade que aquele espaço me consegue transmitir. De facto aquele homem percebeu a essência do meu ser. Foi a única pessoa que percebeu que algo de mau de passava comigo há uns meses atrás. Desde então parece ter uma necessidade de me proteger. Sinto-o como um tutor. Dizia-me: "Trouxe-lhe algo que irá gostar, é a sua cara!”. Para além de um livro, gravou-me um cd com poesia declamada por João Villaret.
Assim que entro no carro, coloco o cd e obrigatoriamente elevo-me para outros campos. A perspicácia, inteligência e a sensibilidade de algumas pessoas pura e simplesmente fascinam-me. Como é que alguém que fala comigo de forma tão formal percebe a minha sensibilidade? Acho fantástico! Aprecio cada momento, bebo palavra a palavra com toda a sabedoria que me quer transmitir.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Agostinho da Silva (1906-1994)



Genial! Grande filósofo, este homem encanta-me, fascina-me!
De facto, morreu um lindíssimo poema!

"O espírito da liberdade"



Sonata n.º 14 para piano, "Ao luar", foi dedicada a uma aluna, por quem o compositor estava apaixonado. Sobre um acompanhamento límpido, eleva-se um tema calmo, mas resoluto. Dentro da atmosfera meditativa com que tinha começado, relembrando a atitude de amarga doçura com que Beethoven parece aceitar o seu destino, o andamento termina num delicado movimento que se eleva e volta a descer.

Dedico esta sonata a todos os apaixonados.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Viagem de uma lágrima



Fecha os olhos! Viaja comigo!
Escuta! Que ouves? Segue a minha voz!
Caminho devagar, sem pressa... oiço os meus passos.. lá fora chove...As nuvens, essas, trouxeram lágrimas.  Degusto uma a uma,  têm cheiro, têm cores várias, têm música, têm sabor a ti...

O sacrifício



Lindíssima música de Michael Nyman, lindíssimo filme (The Piano) de Jane Campion.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Penso Pessoa e pinto.

Leio-te, compreendo-te. Identifico-me. Estás em mim muito presente.
Meu caro Fernando Nogueira Pessoa, as próximas pinturas irão ser dedicadas a ti.
Obrigada!

Tempo é mudança

A inércia deu lugar à vontade de mudar. A atitude apática à minha vontade  - ou a falta dela -, mata-me, frustra-me. O tempo passa e a vontade, essa, infelizmente também. Fica o desapontamento.

Já dizia Walter Kaufmann, in "O tempo é um Artista" mas noutro sentido, ... «o tempo é a dimensão da mudança. Sem percepção da mudança, não há e não pode haver percepção do tempo. Essas diferentes atitudes para com o tempo são corolários de diferentes atitudes para com a mudança (...) Vive-se bem a vida em camaradagem com o tempo, vendo-o como ele é, respeitando as suas obras, inclusive a decadência e a morte, com o passado e com a história. A restauração é uma autodecepção e frequentemente um crime. (...) O tempo é frequentemente destrutivo - como o são os escultores quando trabalham um bloco de pedra. Mas velhos rostos podem ser mais expressivos que rostos jovens, velhas paredes e esculturas mais ricas que as novas.».

Estou a envelhecer. Não há tempo. As horas são escassas. Preciso respirar. VIVER. Sim, quero viver! Pintar faz-me sentir viva. Houve um enorme interregno, tempo demais, e a vontade, essa, não pode ser ignorada. Pinto como se escrevesse. Crio. Metamorfoseio-me. Metamorfoseio-vos.
Estou cheia de vontade. Vamos a isso!
Obrigada "Extreme"!

domingo, 22 de novembro de 2009

Noites escuras


Observo as horas, são 4:46, sinto o peso da noite escura. Acompanham-me as insónias. Silêncio.  Apenas fica o som do que penso. Revejo assustada a vida lá fora. Estou  num dia em que tudo me pesa. Apetece-me fugir, apetece-me gritar. Porém, o silêncio, esse, grita mais que qualquer som e pede o favor de ser ouvido...Tanto conhecimento sardónico de sensações prováveis... lutei grandemente contra o pensamento de ir ao teu encontro... que fazer?... a felicidade, essa, foge-me!
Deixa-la ir!

deus é bom mas o diabo também não é mau


Não é natural que a vida me traga outro encontro com as emoções naturais. Quase desejo que apareça para ver como me sinto dessa segunda vez, depois de ter atravessado toda a extensa análise da primeira experiência. É possivel que sinta menos; é também possível que sinta mais. Se o destino o der, que o dê. Sobre as emoções tenho curiosidade. Sobre os factos, quaisquer que venham a ser, não tenho curiosidade alguma.
Bernardo Soares - O Livro do Desassossego

terça-feira, 10 de novembro de 2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

GRITO - amália hoje



Vozes: Fernando Ribeiro, Sónia Tavares

sábado, 17 de outubro de 2009

draft

Caro Dr. Olivar Sacks que se passa com este mundo? que se passa comigo? Tenho medo! estarei a tornar-me num Nathaniel Ayers?

Palavras, palavras, palavras, desmesura de palavras sem sentido, verdadeiras diarreias mentais. Os convencidos da vida, opinam sobre tudo, têm teorias sobre tudo, convencidos da sua excelência, ouvem-se, falam, falam, falam, falam... a auto-estrada está cada vez mais perigosa, nem dão conta, atropelam-se sistematicamente, são uns verdadeiros autistas, tenho de sair dali.... a minha cela é o sítio mais seguro... de vez em quando, lá vêm eles,... os convencidos da vida, querendo invadir-me, querendo sentirem-se presos a mim, à minha cela, sabem lá o que querem,... a estadia não é para todos ... a cela é minha, foda-se... também querem invadir aquilo que supostamente é mau??? falam, falam, falam, falam, sem terem consciência do que estão a provocar,… já não oiço nada, não me interessa, oh, estimado Hermann Hesse, estimado companheiro de viagem, só tu sabes o que me vai na alma…

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sonho curioso

Hoje sonhei que estava presa, literalmente presa, encontrava-me numa daquelas prisões antigas, com segurança máxima, tal qual, como no romance de Alexandre Dumas em "O Conde de Monte Cristo". E, pior, senti que já lá estava há pelo menos 4 anos. Vai-se lá perceber porquê. A nossa mente, é realmente fantástica! Comigo havia alguém, sem forma, nem rosto, e era com esse alguém que conversava. Dizia-lhe: " - Sinto-me livre"... esta afirmação, é no minimo curiosa e incongruente, como é que alguém estando preso pode sentir-se livre? ... ainda em análise...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

António Variações - Estou além



Ah, António como te compreendo!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Lisa Ekdahl - Sings Salvadore Poe - UMA HISTÓRIA DE AMOR



Existem músicas que ficam para sempre na nossa caixinha mágica. Esta é sem dúvida uma delas. Ouvimo-la vezes sem conta. Assim como tu, é delicada e doce. Quando a oiço, fecho os olhos, e relembro o dia em que nos conhecemos. Sorrio. E sinto uma nostalgia sem fim.

Já lá vão nove anos. Na altura morava num “Águas Furtadas” no bairro de Santa Catarina, com dois amigos. O apartamento era antigo, daqueles com histórias impregnadas nas paredes. Vivia-se um ambiente muito tranquilo. No meu quarto havia uma escrivaninha. E era lá que passava grande parte do meu tempo. Na altura estudava para o exame de Psicologia.
Certo dia, numa tarde, final de verão, oiço o telefone tocar. Era N. a convidar-me para um café na esplanada do miradouro. Recusei. Motivo: estudar. Ele insiste. Diz-me que está contigo. Fui, sem mais nem porquês, fui. Sinto os teus olhos, escondidos pelos óculos, observam-me, intrigados, possivelmente com a figura. Na altura ainda mais alternativa que hoje.

Sorrio… foi ali mesmo, sob a barba esquálida do Adamastor (escultura de Júlio Vaz Júnior) que se deu inicio a um amor que nunca pensei que fosse possível viver. Hoje, mais madura que ontem, sinto-me feliz. Porque hoje, sei que fui uma privilegiada.

Obrigada.

domingo, 4 de outubro de 2009

Koop Island Blue



"Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei. E penso se a minha voz, aparentemente tão pouca coisa, não encarna a substância de milhares de vozes, a fome de dizerem-se de milhares de vidas, a paciência de milhões de almas submissas como a minha ao destino quotidiano, ao sonho inútil, à esperança sem vestígios. Nestes momentos meu coração pulsa mais alto por minha consciência dele. Vivo mais porque vivo maior." ...

... "A solidão desola-me; a companhia oprime-me. A presença de outra pessoa descaminha-me os pensamentos; sonho a sua presença com uma distracção especial, que toda a minha atenção analítica não consegue definir."



Fernando Pessoa - Livro do desassossego

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Into the Wild



Quem viu o filme ou leu o livro, ou ambos, sabe do que escrevo.

Só agora falo dele. Acho até curioso!, outrora, fazia-me sentir como se tivesse um nó na garganta. Contudo, o " O Lado Selvagem" ultimamente tem surgido em conversas amenas com P.,  sem que sinta a respiração forçada e dolorosa.
Vi-o no King, numa das fases mais difíceis da minha vida, ao sair da sala, chorei compulsivamente, sem conseguir pronunciar uma única palavra. Foi cortante, angustiante!

"Desejava movimento e não um calmo percurso da existência. Desejava excitação e perigo e a oportunidade de me sacrificar pelo meu amor. Sentia em mim um transbordar de energia que não encontrava escape na nossa vida calma."
LEV  TOLSTÓI
Passagem sublinhada num dos livros encontrados junto dos restos mortais de Chris McCandless.

"Não se pode negar... que ser livre sempre nos arrebatou. Nas nossas mentes está associado com o escapar à história e à opressão e à lei e às obrigações entediantes, com absoluta liberdade, e a estrada sempre apontou para o oeste."
WALLACE STEGNER
The American West as Living Space

how it feels to be free



Captaste bem a força indomável do meu espírito nómada.
Obrigada!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Pedalar em Lisboa!

Pois é, mais uma aventura - bastante saudável -, hoje decidi vir para o trabalho de bicicleta.

A Câmara Municipal de Lisboa, está a apostar cada vez mais nas pistas cicláveis, e, a meu ver muito bem!
O percurso foi Telheiras-Entrecampos e demorei pouco mais que 20 minutos. E será para continuar!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Vida tão estranha



Esta música é simplesmente sublime!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Convencidos da vida - uma coisa em forma de assim

Já dizia Alexandre O'Neill, quando se referia aos "convencidos da vida", por vezes sou obrigado a escutá-los... convictos da sua excelência, da excelência das suas obras ...

Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida, da sua, claro - para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Ponte entre a 3ª e 5ª dimensão

Era já muito tarde, 3 ou 4 horas da manhã (aqui as horas tornam-se irrelevantes, ou não), conduzia a uma velocidade muito reduzida. Estava tão cansada! Sem vontade alguma de ir para casa ... por breves momentos transportei-me para o filme "As Horas" em que Virginia Woolf caminhava lentamente em direcção ao lago...
Na ponte não havia ninguém (nem no sentido Alcochete/Lisboa, nem o inverso), ... ouvia-se apenas o silêncio da noite... fui convidada a parar (já dizia o ditado português: a ocasião faz o ladrão), e quase aceitei, e por rasgo momento, pensei "vou saltar da ponte" conhecer finalmente para lá da 4.ª dimensão é algo tentador, pensamento surge rápido, mas também foi-se rápido. Não penso, ainda, passar a 4ª dimensão, foi apenas um pensamento tentador, ... Agora entendo, o que acontece a muitos (avô, tia, primo e outros que desconheço).... aceitam o convite!

pergunto-me: será essa a minha casa?! as respostas estarão na 5ª dimensão?...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Percorrendo o deserto....


Atravesso o deserto, não sei para onde vou, sinto que errei a porta!
Dispo-me. já não sei quem sou. Caminho em silêncio. Espero por respostas. Não encontro ninguém. Longa é a caminhada. Abrigo-mo numa riqueza que permanece escondida. Oiço uma voz (a voz do deserto) sigo-a. Subi uma duna, e mais uma, e outra e outra, a voz agora mais próxima e perceptível, diz: satyagraha. Alvejo alguém, aproximo-me, está sentado de costas para mim. Convida-me a sentar. Eu aceito. Lado a lado, observamos o horizonte, sem nunca cruzarmos o olhar. Não foram feitas apresentações, não foi necessário, as horas são escassas,... Gandhi disse: "A violência é criada por desigualdade, a não violência pela igualdade, não te esqueças que o silêncio pode ser também um acto de extrema violência" e acrescenta "não desistas mesmo que penses que a tua voz possa não ser entendida, procura encontrar a tua paz, em ti, não nos outros...".
Surge novamente o silêncio. Levanto-me com intuito de continuar a minha caminhada. Momentos de reflexão,.... oiço novamente a palavra "satyagraha". E penso, sempre procurei a verdade, no entanto quando sou confrontada pela mesma, a de outros não a minha, não sei se a quero. É cruel, angustiante,...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

Tornar a mente BUDA



A caminho da meditação!
Torna-se imperativo encontrar paz sem recorrer a químicos. Devido a um pequeno acidente, obrigou-me o destino, ficar presa em casa nestes últimos dias.
Não posso de maneira alguma ignorar tais sinais. A mente galopa a velocidades estonteantes, sem que me aperceba que é imperativo parar um pouco.
Sempre em busca de respostas, frustrada por não conseguir resultados, pensar que dois anos de tratamento e continuo ansiosa, ainda com ataques de pânico, mente irrequieta, sempre insatisfeita, sempre com mil e uma coisas por fazer.

Ontem, tropecei no site da União Budista Portuguesa, e foi precisamente ontem, que iniciavam o curso "Introdução à Meditação Budista". Telefonei a uma hora do curso, consegui que aceitassem a minha inscrição. Um pouco condicionada, pois apenas conseguia conduzir com a mão esquerda, enfim,... outra aventura,.. cheguei bem, sã e salva.

Ensinou-me vida, a não criar muitas expectativas nas coisas e nas pessoas, por isso levei comigo poucas,... apenas posso dizer que para primeira experiência foi um misto de sensações, por vezes com vontade de fugir, por outro lado, uma enorme curiosidade em aprofundar esta filosofia, transmitida por um excelente orador (Paulo Borges), presidente da união budista. De facto tudo o que dizia fazia para mim sentido,.. talvez seja este o caminho... veremos...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Guitarra clássica

A guitarra teve a sua origem, provavelmente, no Egipto à 3000 anos atrás. Pensa-se que é um instrumento dos antigos Alúdes e das Vihuelas. A guitarra espalhou-se rápidamente por vários países da Europa, mas foi em Espanha, Andaluzia, que a guitarra atingiu grande popularidade. E foi também aqui que se desenvolveu a arte de construir guitarras.
A guitarra clássica, também conhecida por violão, ou Spanish Guitar em inglês (em Portugal a denominação mais comum é viola, embora até meados dp século XX também fosse violão, é uma guitarra acústica com cordas de nylon, mas há violões com outra configuarções, como o violão de 7 cordas e o vilão baixo, com 4 cordas, afinadas uma oitava abaixo das 4 cordas mais graves do violão.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

16 de Maio de 2009

Dia comemorável,... após dois longos anos de medicação, com algumas recaídas,... dei por findo um processo complicado da minha vida... brindou comigo uma grande amiga, Clara Soares. Após feira do livro fomos almoçar ao Espelho d' Água, entre conversas soltas, em volta de assuntos da actualidade, e temas mais abstractos, como a verdade, amizade e integridade...

Feira do livro - Lisboa 2009

Ontem, fui à feira do livro, e, como boa portuguesa que sou, fui no último dia!!!

Levei comigo um post-it com os livros que queria comprar (Reencontro de Agostinho da Silva de José Flórido e Gandhi - Poder, Parceria e Resistência de Varma Ravindra), no post-it para além do título, continha a referência, a editora, e o respectivo stand, ... para quem me conhece sabe que tenho "fobia" a multidões, o que me cria uma certa ansiedade... ficando com uma enorme vontade de fugir... Quando lá cheguei, fiquei muito agradada, não havia confusão, nem muito ruído, nem crianças com birras,... comecei na praça Leya, e por ali fiquei, ao som da música do Jack Johnson,... senti-me tranquila,... foi muito agradável... enfim...

...acabei por comprar os seguintes livros:

- Lições do Abismo de Daniel Sampaio
Género: Não-ficção/Psicologia/Psiquiatria;

- O Jogo das Contas de Vidro de Hermann Hesse
Género: Romance.

- Verdade ao Amanhecer de Ernest Hemingway;
Género: Romance.

- Como Tornar-se um Doente Mental de José Pio Abreu;
José Luis Pio Abreu, Psiquiatra do Hospital da Universidade de Coimbra

- Os Dez Mandamentos no Séc. XXI de Fernando Savater;

- Sinais do Medo de Ana Zanatti.

sábado, 14 de março de 2009

Chuang Tzu

O objetivo de uma armadilha de peixes é "caçar" peixes; quando estes caem na armadilha, esta é esquecida.
O objetivo de uma armadilha para coelhos é "caçar" coelhos; quando estes são agarrados, esquece-se a armadilha.
O objetivo das palavras é transmitir as idéias. Quando estas são apreendidas, as palavras são esquecidas.
Onde poderei encontrar alguém que se esqueceu das palavras? É com ele que gostaria de conversar.

quinta-feira, 5 de março de 2009

quarta-feira, 4 de março de 2009

sossega-me

sossega-me,...
como poderei eu partir? se te sinto em mim...
sinto-me a deambular, ... vagueando nos teus olhos, procuro-te
onde estás?...
vem,... para perto de mim
sossega-me,...
conto-te estórias ao ouvido, tu sorris...
que desassossego,
vagueio pelo teu corpo, ... sensações orgásmicas...
sossega-me nas madrugadas...
ai, ai, ai

"O coração, se pudesse pensar, pararia."


"Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelida a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."

Translucidez, Nudez e Desacorde


Translucidez Lúcido como o fio de uma navalha
atravesso a rua no instante exato.
A vida em volta me atordoa.
Esta correria, este zumbido, este medo – é isto a vida?
Lúcido, me perco,reparto-me em calçadas, andares, repartições, sobrelojas,
me esqueço, deixo de ser-me: sou todos, nada.
Lúcido — como suportar?
A vida em volta me atordoa, me machuca, me mastiga, …


Otto Leopoldo Winck

terça-feira, 3 de março de 2009

fingir que está tudo bem

fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes: ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer: amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.

josé luís peixoto

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

"Reencontro" 19 de Fevereiro de 2009

Nas viagens de muitas vidas, ganham-se experiências e aprendizagem do amor;
perdem-se, temporariamente, presenças amigas.

A vida é eterna...

Noites e dias sucedendo-se pelo infinito...

Certas dores existenciais indefinidas... consequências de afastamentos de amor, afastamentos de tempo equivalente a uma ou mais vidas, parecendo, por isso, eternos... ainda que temporários.

Uma força de energia interior inexplicável revela amizade, de tempo remoto, reencontrada;
emoção indefinida, quase ilógica, mas tão forte, feito o mar banhando as rochas, com energia, suavidade e inconsciência, sob cor dourada, de inteira beleza, criada pelo sol ao entardecer.

Uma certeza íntima inteligível, a prova de um "reencontro", sensação opondo-se à razão, mas impondo-se feito raios solares, que a despeito da noite, invade-nos com inteira alegria reluzente, num renascer em límpida manhã de vida.