"Praga não vai largar-nos. Nem a mim nem a ti. Esta mãezinha tem as suas garras afiadas. É preciso sujeitarmo-nos senão... Devíamos lançar fogo aos seus dois extremos, o Vysehrad e o Hradsechin, e talvez pudéssemos então partir. Pensa nisso daqui até ao Carnaval."
Franz Kafka,
20 de Dezembro de 1902, carta a Oskar Pollak.
A Metamorfose, O Processo, A Colónia Penal, O Castelo... Os escritos de Kafka referem-se a um mundo em que a liberdade se pagava a alto preço. Que é feito desse mundo? Da Praga dos anos de 1910-1921, checa, alemã, judaica, que a pouco e pouco se foi libertando de quatro séculos de dominação austríaca? Quem, entre gente de carne e osso e génios literários, terá instilado em Kakfa aquela trágica coerência que caracteriza a sua obra? Ele foi, sucessivamente, Georg Bendemann, Gregor Samsa, Josef K. e K., o Agrimessor, incorporando-se em cada uma das suas personagens, em contante mutação, sem jamais deixar de ser igual a si mesmo.
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